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Resiliência

Pessoa em pé na montanha

Não gosto do uso que tem sido feito da palavra “resiliência”. De acordo com sua definição originária da Física, resiliência é a “propriedade que alguns corpos apresentam de retornar à forma original após terem sido submetidos a uma deformação elástica” (Houaiss, 2001, p.2437). Seu sentido figurado o define como a “capacidade de se recobrar facilmente ou se adaptar à má sorte ou às mudanças” (Houaiss, 2001, p.2437). Isso significa que a pessoa resiliente é elástica: em situações de choque ou estresse, ela resiste à pressão e consegue voltar ao seu estado original, de antes da situação adversa. Sem dúvida, trata-se de uma qualidade. Mas o conceito é pobre. Explico por quê.

Em minha vida profissional, como psicoterapeuta, mediador de conflitos e consultor de empresas, tenho visto muitas pessoas passarem por situações de forte pressão na vida pessoal e ou no trabalho, pelos mais variados motivos. Ao acompanhar o processo de superação das dificuldades, elas não retornam ao estado original. Elas ficam maiores, melhores, mais fortes, mais sábias. Claro que isso não acontece automaticamente. Esse crescimento é fruto de reflexão, de análise cuidadosa das causas que levaram à debacle e da compreensão do fenômeno em sua totalidade. Voltar à forma original depois de uma crise é não crescer com a dor. Quem aprende com as surpresas e ameaças que a vida nos apresenta fica maior.

As pessoas resilientes passam pela crise, sofrem com seus efeitos, mas conseguem resistir e retornam à forma original. Não quero voltar à forma original. Não quero ser resiliente. Prefiro crescer com a dificuldade. E você?

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