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Abraço

Mito andrógino

A pandemia nos fez prestar atenção no dedo, “digitus”, em latim, fonte de contágio, mas, ao mesmo tempo, instrumento para teclar e nos manter em contato “digital”. Depois, descobrimos o cotovelo, o cúbito, novo órgão utilizado para teclar botões com menor risco de contaminação. Hoje, dia do abraço, chamo a atenção para os braços, ainda que as palavras não guardem relação etimológica. “Você me abre seus braços”, cantou Marina, primeiro passo para eles se dobrarem para entrelaçar o corpo do outro, desejo ancestral dos andróginos cortados ao meio que buscam no abraço a unidade perdida para sempre. No abraço, Marina, mesmo “fazendo um país”, nunca seremos um só corpo. Mas é a melhor forma do meu coração, “cordis” em latim, ficar ao lado do seu. Abraço cordial é pleonasmo.

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