“Navegar é preciso. Viver não é preciso”.
(Verso de Pompeu, séc. I aC., imortalizado por Fernando de Pessoa)
“Preciso” tem dois significados: o de “necessário” e o de “exato”. A ambiguidade do termo no belo verso sugere que não é necessário viver. Mas eu o interpreto usando o outro sentido do termo. Viver não é algo exato, não tem precisão. “Viver não é preciso”. Isso significa que viver pressupõe incerteza, ao contrário do processo de navegação que, por meio de bússola ou gps, consegue determinar de forma exata as coordenadas de localização e de rotas. Em tempos de uma pandemia que jogou no lixo todos os cronogramas, planejamentos, cenários, prazos, metas e previsões, viver é mais do que necessário. Mas, temos de admitir, viver não é preciso.”