“Tudo tem fim” – foi isso o que disse meu irmão quando éramos crianças e esperávamos para ser atendidos pelo dentista, eu sofrendo mais do que ele com o barulho irritante do motor que furava o dente do cliente que nos antecedia. Foi um consolo pensar que eu não ficaria na cadeira do dentista para sempre. Ele devia ter uns 6 anos e já me ensinava que o tempo tinha duração. “Tudo tem o seu tempo determinado” – ensina o capítulo 3 do livro do Eclesiastes. De-terminado. Há, de fato, um término para tudo. “Há tempo de nascer e tempo de morrer”. Neste intervalo, chamado vida, temos de aprender a viver. Nenhuma dor é para sempre. Nenhuma alegria é eterna. Tudo tem fim.
(Dedico este texto à memória dos artistas Aldir Blanc e Flávio Migliaccio)