A crise desencadeada pela pandemia do coronavírus tem 5 características que remetem à letra G. Ela é global, geral, grave, pode ser comparada a uma greve forçada e a uma guerra. Os 5Gs que caracterizam a crise podem ser a alternativa para lidar com os transtornos causados por ela. É isso que pretendo mostrar na coluna de hoje.
A crise é global. Começou na China, mas já se espalhou pelo mundo. Tem tido maiores consequências no hemisfério norte, por causa da estação mais fria nessa época do ano, mas ela não se limita mais a uma região geográfica. Ela se espalhou pelo globo com seu alto poder de contágio, inclusive no hemisfério sul.
A crise é geral. Não se trata apenas de um problema de saúde. O coronavírus contamina a economia das empresas e os negócios, afeta a mobilidade e o abastecimento, perturba o equilíbrio emocional das pessoas, cria procedimentos de relacionamento social e intriga o mundo científico em busca do conhecimento da doença e da descoberta de sua cura. O problema é, ao mesmo tempo, sanitário, econômico, social, psicológico, cultural e científico. Um verdadeiro “cisne negro”, conceito que Nassim Taleb traduz como um evento raro, de grande impacto na sociedade e com grande imprevisibilidade.
A crise é grave. A interrupção da mobilidade para diminuir a probabilidade de contágio pelo vírus, com vistas a achatar a curva do gráfico de pessoas contaminadas tem repercussões econômicas e sociais alarmantes. Termômetros como bolsas de valores do mundo inteiro e a cotação das moedas internacionais mostram a gravidade da situação. Decisões importantes de bancos centrais dos países desenvolvidos para conter a crise, que deveriam trazer tranquilidade aos mercados, acabam por demonstrar a gravidade da situação, levando os agentes econômicos a reagirem com ainda maior temor e aversão a risco.
A crise é comparada, como fez o presidente da França, a uma guerra. Há um inimigo a combater, o vírus, mas o toque de recolher, a quarentena forçada, as decretações de estado de calamidade ou de emergência, a interrupção de atividades, de produção, de aulas, a corrida aos supermercados e farmácias e o pânico trazem uma situação excepcional, análoga a uma guerra.
Finalmente, a crise lembra uma greve geral, não em favor de uma causa, mas uma greve forçada, que paralisa o funcionamento normal da sociedade. Faz lembrar a recente paralisação dos caminhoneiros, que fecharam estradas, provocaram desabastecimento e prejudicaram a mobilidade das pessoas e o transporte de produtos.
Enfim, há uma crise 5G: global, geral, grave, comparada a uma guerra e a uma greve geral. Mas o mundo não pode parar. E para seguir o jogo, a inteligência da tecnologia 5G é ótima metáfora para que todos busquemos as soluções necessárias. Se o contato físico está restrito, temos de desenvolver e ativar os contatos remotos, via Skype, Zoom, telefone, WhatsApp e tantos outros variados recursos disponíveis no mundo digital. A recomendação de isolamento não significa interromper a comunicação. Ela pode inclusive ser mais veloz por meio da tecnologia. Ela é mais eficiente do ponto de vista energético. Traz economia de custos e facilita a troca de dados em quantidade e qualidade maiores.
Da mesma forma que uma crise econômica ajudou empresas protagonistas a cortar custos desnecessários e se tornarem mais eficientes, a crise do coronavírus pode acelerar sua mudança para uma cultura digital. Assim, a sociedade desfruta mais e melhor das tecnologias virtuais que aproximam pessoas distantes e aceleram tomada de decisões. Podemos sair maiores dessa crise se no lugar do abatimento e desânimo usarmos a inteligência para descobrir novas formas de fazer o que precisa ser feito. Com segurança e prudência.
A crise é 5G. Podemos atravessá-la com o digital e sair dela maiores do que antes.
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Coronavírus – uma Crise 5G

Roberto Patrus
- | Seção Filosofando